terça-feira, 28 de setembro de 2010

Fonte da juventude

Logo ali,
tão perto que não possa acontecer;
por uma gota,
entre o meu olhar e o teu,
há água que eu não posso beber.

Mas
se o tempo não deixasse de consumir,
junto com olhares meus,
tua fonte, juventude,
rígida de força bruta,
deixaria para os teus

Logo ali, a três palmos de mim,
brota sim, límpida tua beleza;
e eu só posso cultivar,
esperando um dia, como o tempo,
consumir e rejuvenescer.

É só esperar,
logo ali.


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Inspectro da liberdade

Tempos atrás
sonhava-se com liberdade,
sem saber ao certo,
sonhava-se ir...
Mas no fundo
Ter Ser
ter liberdade era mais importante do que
ser Livre
Já Afetaminas ......
lhe deram as respostas
e balas,
Com outras coisas,
Lhe tiram os pés do chão,
Sem lhe deixar sonhar
Com outra coisa que não fosse ali......

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Vento...

Havia acabado de ler as 420 páginas do livro que ganhou de presente e chegou à conclusão que lia muitos livros, até demais. Acreditava que a literatura era bálsamo e veneno. Ao mesmo tempo em que permitia libertar o pensamento escravizava a alma, incrustando-a desejos que não cabem no mundo real.
Estava agora trancada no quarto, apreciando o cair da tarde através da fumaça do cigarro. Encostada na janela observava o movimento das árvores e o balanço das folhas. Sentia-se agora como se não fosse capaz de conter a alma dentro do próprio corpo. Sentia-se como um gigante pesado que não encontra conforto no quarto pequeno. Como um dragão inquieto, batendo a cauda no chão e cuspindo brasas de ansiedade.
Não era capaz de precisar a causa de tamanha inquietude. Desejava não estar ali, desejava não sentir essa frustração que lhe roía os ossos. Seu peito rebentava em desejos, tantos e tão intensos que sua vida lhe parecia curta demais para que pudesse realizá-los.
Repetia baixinho pra si mesma: “Deixa o vento ventar...” Uma espécie de oração, um mantra no qual acreditava que o vento fosse capaz de varrer pra bem longe a tristeza, a doce solidão, velha conhecida com a qual já estava habituada.
E continuava a murmurar... “Deixa o vento ventar... Deixa o vento ventar e varrer e ventar e varrer e ventar...”

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Outra volta.

Quando voltaste e era tarde,
à pouca luz me encontrou,
não meia luz, pouca luz,
na sala,
meia calça,
meia no canto rasgada,
encobrindo pernas que esperavam um rasgo outro,
aquela hora dos seus dedos, unhas, garras.

A festa foi até tarde parece!?.
Teu cheiro de bebida é forte,
denuncia teu corpo,
outrora tão forte,
tão fraco agora,
caído diante mim,
fraquejando um abraço
praguejando um aperto,
disfarçando um sorriso,
cheio de um sal alcoólico,
de um cheiro eólico de noites sem fim.

A meia luz que era pouca,
te clareava amarelo agora,
teu riso amarelo agora,
era só nicotina,
uma rotina pra rimar
com teu olhos amarelos,
de torpe.

E só agora voltas: tão tarde!
Tão rasgo sem fazer,
em meio as minhas pernas,
que outros braços essa noite, confesso,
até tocaram, afora beijos mil.
Mais espertos que os seus,
menos verdadeiros devo supor,?
mais tristes também,
feito eu,
e você agora esta noite,
quase manhã.

Uma volta.

Toda volta é cheia de glória,
e todo alcance feito de dor!
Toda corda: feito cor,
é torta, corta e solta,
mais até do que aprisiona,
todo roto e qualquer ator.
Acho que a poesia empaca aqui então,
feito faca que entortou,
feito vozes,
que voltou,
ou que voltaram,
seria melhor?
A fraca e timida voz ausente,
de vez se levantou,
pra mais baixo gritar,
quase cantarolando,
sussurrando ao ouvido,
por melhor dizer.
Que a dor,
aquela dor,
que deveras ou não, sente
não é mais, senão
do que uma alegria qualquer,
de um dia comum,
de uma tarde sol,
num encontro postal,
de um par de braços,
por certo abraçados,
ainda que tardos,
caídos no chão.

Das dunas fiz um porto.

Diante de ti tremo e tenho tudo e remo tanto  para não falar que minha rima fraca e cansada de repouso e  de descanço de um trabalhador da p...